90 anos da Insurreição Makhnovista: importante experiência proletária e lição política para o anarquismo.

A insurreição dos trabalhadores da Ucrânia (1918-1921) foi muito marginalizada como experiência histórica relevante ao proletariado. Este movimento insurrecional esteve diretamente ligado aos desdobramentos da Revolução Russa, e teve com protagonista principal o proletariado ucraniano, majoritariamente camponês, chocando-se com diversas forças políticas a começar pela ditadura de Skoropadsky e depois: o exército branco tzarista austro-alemão (sob as ordens de Denikin e depois de Wrangel), o exército nacionalista- burguês da Rada Central (liderado por Petliura) e finalmente com o exército vermelho bolchevique (sob o comando de Trotsky).

A insurreição foi animada pelo grupo de anarco-comunistas de Guloai-Polé que formou o estado-maior revolucionário controlado pelo soviete de trabalhadores. À sua proa estavam importantes lideranças, dentre elas Nestor Makhno (camponês por origem) alvo de grande simpatia das massas e por elas chamado de "batko" (o que significa "pai"); e Piotr Archinov escritor da importante "História do movimento Macknovista". Como foi mencionado acima a Ucrânia estava implicada no processo revolucionário russo: o fato de não ser incluída no pacto alemão-bolchevique de Brest-litovsky "escancarou as portas da Ucrânia aos austro-alemães" (Archinov). O ônus para o proletariado ucraniano foi compensado pela capacidade política das massas e uma eficiente direção militar que obtiveram diversos êxitos combinadas. Não bastando tais entraves à luta revolucionária o movimento também combateu as tropas bolcheviques que, apesar de inicial colaboração contra os brancos, voltou-se contra os makhnovistas por estes não se submeterem à centralização política dos seus sovietes. O fim deste conflito terminou em 1921 com a traição bolchevique perseguindo trabalhadores e com a liquidação de quadros políticos e do movimento.

Este fato ocultou historicamente a importância política do proletariado ucraniano (acusado falsamente de Kulaks pelos bolcheviques) para liquidar as forças reacionárias assim como dos anarquistas de Goulai-Polé como organizadores políticos. A reflexão desta experiência realizada pelo grupo a Dielo trouda (causa dos trabalhadores) em exílio na França, originou o documento "Plataforma Organizacional" (1926). Este apontava corretamente as debilidades do anarquismo frente à Revolução Russa pela a falta de uma organização com unidade teórica, estratégica e tática para atuação conseqüente na direção do processo revolucionário. Porém, este documento sofreu diversas críticas de Malatesta principalmente no tocante à "responsabilidade coletiva". Defendendo uma linha inorgânica e oportunista Malatesta se sobressaiu por seu prestígio em meio à militância ocidental obscurecendo a importância das críticas necessárias do Dielo trouda.

Nesta data é importante não só abstrair as lições do corajoso proletariado ucraniano makhnovista assim como as lições político-organizacio nais da Plataforma. A luta teórico-política dos bakuninistas deve ser combater, por um via, a deformação histórica bolchevique abortadora da revolução em ascenso e, por outra, combater os revisionistas e ecletistas de toda espécie que ou desvalorizam a necessidade da organização com unidade teórico-prática, ou tentam falsificar o seu objetivo fundindo esta às concepções desorganizadoras de Malatesta num mesmo conjunto harmônico.

ABSTRAIR AS LIÇÕES DO PROLETARIADO UCRANIANO!! COMBATER O ESTATISMO CONTRA-REVOLUCIONÁRIO BOLCHEVIQUE!!

COMBATER O REVISIONISMO !!!

MAKHNO VIVE!! DIELO TROUDA VIVE!!