Sempre fiquei imaginando como ficaria juntar as tramas de algumas novelas, mas fazia isso em meu imaginário com as novelas das oito, que agora é das nove, e das dez, que hoje em dia nem existem mais, uma lástima, eram as melhores.

Pegar Ti Ti Ti de Cassiano Gabus Mendes, e incoporar ao seu enredo duas tramas de Plumas e Paetês, assim como personagens de Elas por Elas (Mário Fofoca - Luis Gustavo), Locomotivas (Kiki Blanche - Eva Todor) eMeu Bem, Meu Mal (Divina Magda - Vera Zimmerman ), foi ousado, audacioso e criativo.

Tive o prazer de assistir à telenovela Ti Ti Ti, em sua primeira versão, do primeiro ao último capítulo, e amei cada um deles, me lembro de toda a trama; infelizmente não assiste à telenovela “Plumas e Paetês” e nem “Elas por  Elas”, logo nada sei dessas tramas;mas assisti à “Locomotivas” e “Meu Bem, Meu Mal”.

Na primeira versão de Ti Ti Ti era hilariante ver cada encontro de Suzana (Marieta Severo) e Ari (Luis Gustavo), perceber o amor latente presente em cada um, mesmo que eles resistissem tanto. A melhor cena foi quanto o Ari se apaixona pela argentina e marca para dançar um tango com ela, quem aparece para dançar o tango é a Suzana. A cena é inesquecível, a Suzana está armada e mostra a arma para a mulher; as falas, o que a Suzana fala para a mulher que finge não entender, e a Suzana vai repetindo…”Berro, três oitão…” É a melhor cena de toda a novela. 

Infelizmente no remake o destaque é para o preconceito social. A Suzana subiu socialmente e o Ari não saiu do Belenzinho, logo ele deveria ficar com alguém do próprio Belenzinho, afinal de contas ele é um tremendo sete um e a Suzana é uma mulher bem sucedida, que afinal de contas vai aparecer do nada um príncipe encantado, do nada montado em um cavalo branco.

O interessante é a Marta que na primeira versão vivida pela Aracy Balabanian teve um caso com o filho do André Spina; no remake tal envolvimento é desprezado, não agradaria ao público o envolvimento de uma mulher mais velha com alguém tão jovem, e olha que na primeira verão a diferença de idade era gritante. Alguém pode alegar que foi um melhor arranjo para agregar os três roteiros, a meu ver houve um preconceiro com a diferença de idade entre um homem jovem e uma mulher mais velha, e nesta versão a diferença de idade nem apareceria tanto.

Alegando o arranjo do roteiro, arrumasse uma irmã para MartaDira Paes  e esta irmã seria a mãe de Amanda, assim como Nicole Elizângela tinha uma irmã que só apareceu no final da trama, não fez falta na trama inteira.

Arranjo de cá, arranjo de lá, a Amanda Maria Cláudia terminaria com o tal de Renato José Wilker, mas foi arranjado uma outra personagem para ele, pois Marcela vivida por Elizabeth Savalla, morre em “Plumas e Paetês”.

O interessante é toda a indecição da Marcela Ísis Valverde, no remake atual, em como a trama foi tecida. O cara mentiu para ela sobre quem era, quando descobre que ela engravida diz quem realmente é e que ela quer dar o golpe da barriga, muito comum nos dias de hoje.

Ele vai embora do Brasil, ela vai embora do estado e começa a reconstruir a vida dela em outro lugar. Quando o cara descobre que é “pai”, que ele já sabia, se ela engravidou dele, fatalmente iria parir, a criança iria nascer, não ficaria para sempre no útero materno; ele descobre duas coisas: que o filho nasceu e o pior que mãe e filho estão bem e não precisam dele.

Ele filho único, herdeiro de uma grande fortuna, sempre manipulado por um pai, em que ele se aninha em tais braços da acomodação, se agarra ao ardil do pai para ter mãe e filho de volta.

“A arte imita a vida”, são fatos que já vi acontecer, houve sequestro de incapaz através de uma grande manobra empresarial, sequestro de incapaz com a presença da mãe que durante o tempo que ficou em tal lugar sofreu a “Síndrome de Estocolmo”. Só isso para justificar tal amor da personagem, porque mulher nenhuma em sã consciência, jamais amaria o pai do filho dela depois que ele lhe impusesse tal situação.

Como a “vida imita a arte”, imagina os absurdos que vão acontecer depois de um exemplo deste, dado pela “Vênus Platinada”. É triste ver o que fizeram com uma comédia deliciosa que foi a novela Ti Ti Ti maravilhosa, romântica, com uma trama interessante.

O que dizer agora da Valquíria vivida na primeira versão por Malu Mader , perfeita no papel, uma personagem excelente, destruída no remake devido à péssima atuação de Juliana Paiva, ela não conseguia convencer que estava no papel em nenhuma das cenas, era sofrível vê-la atuar, cada vez que ela aparecia ou mudava de canal ou tirava o som, até o som da voz dela era insuportável.

O oposto a atuação de  Maria Helena Chira , que mesmo apresentando o papel de uma fútil patricinha, mostrou ser extremamente talentosa, tanto que sua personagem foi crescendo dentro da trama e sendo transformado, agradando ao público a todo momento, cada vez que ela aparecia era uma alegria, destacando o lado cômico, não somente o romântico; muita sensibilidade artística.

Uma parte da trama não foi amarrada, onde foi parar o sobrinho da secretária da “Lugar Modells”, o sobrinho da secretária do Edgar e da Luíza, o garotinho que parecia ter alguma coisa com a trama desapareceu sem deixar vestígios, será que a Luíza deu algum chá atômico pro garoto… que ele desapareceu.

Minha total decepção com o remake de Ti Ti Ti , foi Ari e Suzana não ficarem juntos.