Perguntas Que Chegam, Respondo - Lost in Japan Lost in Japan- Portal Nippon

Neste post Alexandre responde às perguntas mais frequentes que recebe por e-mail,
comentários no blog ou twitter, sobre o recente terremoto no Japão.

Talvez a dúvida de uma pessoa seja a mesma de outras. E claro, responde dos limites dele, não como especialista.

- Quando ouvirem notícias sobre terremotos no Japão, prestem atenção: o tremor em si geralmente não é o problema.

O Japão todo está preparado para aguentar tremores fortes (mesmo em Miyagi, cujo terremoto recente atingiu grau 9, a maioria dos prédios e casas estão de pé).

Atente quando há notícias de tsunami. O tsunami sim, causa devastação e mortes. No recente terremoto de Touhoku, as ondas atingiram até 25 metros de altura - equivalente a um edifício de sete andares.

Tsunami são raros, a maioria não apresenta ondas com mais de um metro. É emitido sempre um alerta via rádio e tv quando há risco de um.

- A Tepco é uma companhia distribuidora de energia elétrica que serve a região norte/nordeste do Japão. É a quarta maior empresa do setor no mundo, a maior do país. Não é uma empresa estatal.

Portanto, tudo o que é dito pela Tepco é conferido pelo governo japonês, entidades internacionais (como a IAEA), órgãos independentes de fiscalização japoneses e estrangeiros, ambientalistas, ongs e até mesmo particulares, já que contadores Geiger-Müller não são tão caros assim e estão disponíveis a qualquer pessoa.

Que ninguém seja ingênuo de achar que as pessoas se contentam apenas com o que é dito pela Tepco ou governo japonês (ainda mais na situação atual).

- Já falei algumas vezes, volto a repetir que o Japão não é China. Não baseie sua análise sobre o Japão de acordo com notícias sobre a China.

Nem paisagens, população, costumes, poluição, governo. Japão é Japão, China é China, da mesma forma que Brasil não é Bolívia nem Venezuela.

Não há censura em rádio, tv, jornais, internet. O país vive democraticamente desde o fim da segunda guerra mundial.

Inclusive a vigente democracia no Japão é mais antiga que a brasileira, cuja redemocratização começou em 1985). Portanto a informação aqui é livre.

- Fukushima é monitorada 24 horas. Boletins são emitidos constantemente sobre os valores de radiação, situação geral da usina (confira aqui).

Quem está em regiões fora de Fukushima não deve se alarmar.

Medidor portátil de radiação.

- Onde moro, Aichi (700km de distância da região do terremoto) os níveis de radiação se encontram normais, praticamente sem alteração.

Como sei disso? Medição que presenciei, particulares/entidades que possuem um contador Geiger-Müller; portanto, não são dados que me falaram, eu vi a medição sendo realizada.

- O nível do acidente nuclear foi elevado ao grau 7 (máximo, de acordo com a escala internacional) pela nova avaliação.

Levou-se em conta a radiação liberada, danos ao equipamento da usina de Fukushima e grau de contaminação de regiões próximas desde o dia 11 de março de 2011.

É o mesmo grau de Chernobyl, pela gravidade da situação;  porém o nível de radiação emitida é 10% do que foi emitido no acidente de 1986 na velha União Soviética (Ucrânia).

- Algumas pessoas afirmam coisas do tipo "porque não fazem um muro ou enterram a usina, etc".

Se a solução fosse algo tão simples, já teria sido feito, concordam?

Nem tudo na vida pode ser observado por uma ótica tão simplista, o que dirá um acidente nuclear.

- Nunca senti um terremoto forte nestes nove anos que moro no Japão. Nem mesmo este grande terremoto recente, que aconteceu longe daqui.

Quem está mais perto sim, sentiu o tremor de maneira mais intensa. E sentem as variadas réplicas, que podem duras meses.

- Terremotos no Japão são frequentes, mas a maioria é imperceptível.

Pensar que toda hora sentimos terremotos no Japão é tão absurdo quanto dizer que todo dia a mesma pessoa é assaltada em alguma rua brasileira.

Portanto, terremoto é algo que estamos preparados para enfrentar, mas não estamos acostumados a sentir.

Mais dúvidas? bloglostinjapan@gmail.com

http://lostinjapan.portalnippon.com/2011/04/respondendo-duvidas-sobre-o-terremoto.html