Graça e paz no Senhor Jesus Cristo.

            Muitas vezes pensamos que estamos ajudando alguém quando, na verdade, estamos prejudicando. Como, então, discernir isto?

COMO AJUDAR ALGUÉM?

            Antes de tudo é preciso saber qual a real necessidade da pessoa. Do contrário, qualquer ajuda será superficial, servindo apenas para amenizar momentaneamente o problema. Mas a necessidade da pessoa vai muito além dos recursos disponíveis (veja Pv 27.20; Ec 5.10; 6.7; 1.8). Não que estes sejam poucos, mas o pecado deixou um vazio tão grande no coração da pessoa que a deixa insatisfeita e inquieta (Is 57.19-21; Jó 14.1-2; Sl 39.6; Is 48.22). Não consegue encontrar a paz (Rm 3.17).

            E não é para menos: o pecado mantém a pessoa separada de Deus (Is 59.2) e, portanto, da paz (Ef 2.14), felicidade (Ne 8.10) e amor (1Jo 4.3,16). Como todos nós também pecamos, fomos destituídos da glória de Deus (Rm 3.23) e, portanto, nos tornamos inúteis (Rm 3.12): não podemos curar as feridas da alma e do espírito (os traumas, decepções, frustrações, etc.). A redenção da alma da pessoa é caríssima (Sl 49.8). Tampouco podemos destruir as fortalezas que o diabo construiu na mente das pessoas(2Co 10.3-5 – os conceitos e valores errados que foram estabelecidos pelo desconhecimento da palavra de Deus). Resumindo: não podemos dar o que a pessoa realmente precisa.

            Somente o Espírito Santo pode convencer do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8) e somente Jesus crucificado pode trazer cura ao coração da pessoa (Ml 4.2; 1Pe 2.21-24; Os 11.3; 14.4).

            De que adianta resolver apenas os problemas físicos ou materiais das pessoas? Enquanto o coração delas estiver endurecido pelo engano do pecado (Hb 3.13), todas as ações delas só trarão prejuízos às pessoas (veja Pv 10.16; 4.14-17; 16.27; 24.1,2; Mc 78.20-23; Lc 6.45) e a ela mesma. Quanto mais bênçãos lhe vier à mão, maiores as oportunidades para pecar.

            Imagine todo o fruto do nosso trabalho servindo para alimentar ainda mais a cobiça do coração humano. Por exemplo: o bandido curado terá mais forças para roubar, os corruptos alimentados terão mais energia para enganar, etc.

            Além disto, se o ímpio for liberto apenas externamente, terá de ser libertado novamente (Pv 19.19). Você quer ajudar as pessoas apenas por alguns instantes, por alguns dias, meses ou anos, ou por toda a eternidade (veja 1Co 3.13-15).? Você quer apenas adiar o problema dela (ser um paliativo) ou ser na vida dela uma forte influência capaz de estimulá-la a ser alguém melhor?

            O mal está dentro da pessoa (incluindo nós – Mc 7.20-23; Rm 3.9-18; Jr 17.9; Rm 1.28-31; 7.15-19; Tg 3.2-9; Ec 8.6; 9.3) como um fogo que arde no interior dela (Ez 28.18) e queima tudo que há de bom nela (veja Sl 32.1-3; 38.3-8; 78.32,33; 90.7,8; 106.13-15,43; 107.12,17,39; 112.10; Pv 11.17; 13.23; Ec 5.13; Ez 24.23).

            É preciso que haja cura no interior da pessoa, a começar por nós. Uma vez que é pelas feridas de Jesus que todos são sarados (1Pe 2.24), logo, para que a cura se processe na nossa vida, é preciso que nosso coração fique quebrantado (circuncidado, rasgado pelos maus tratos daqueles a quem devemos amar (Jl 2.13,17; 1Pe 3.8,9) – vale lembrar que Jesus foi ferido pelas nossas transgressões (Is 53.5)). Quando isto acontecer, a pessoa verá a beleza que há na compaixão de Jesus e desejará isto para sua vida, dando espaço para o Espírito Santo tratar o coração dela (Tt 3.3-6). Se não formos capazes de suportar isto(ver 1Co 13.4-7), então somos servos inúteis (ver Lc 17.3,4,10).

            É bom lembrar que Jesus veio para os pecadores (Mt 9.12,14) cuja boca e ações estão cheias daquilo que há no coração delas (ver Lc 6.45; Tg 3.1,2; Rm 1.28-31; 3.14,14). E nosso papel é amar como Jesus amou: dando a vida por elas (Jo 15.12,13). Sei que o amor é sofredor (1Co 13.4), capaz de sofrer, crer, esperar e suportar tudo. Porém, ou sujeitamos toda nossa vida a servir ao próximo como a nós mesmos (Mt 7.12), ou simplesmente iremos definhar por dentro dia após dia até morrer eternamente.

            Ou seja, a melhor forma de ajudar a pessoa é santificando a nós mesmos (Jo 17.19). Ao assim proceder, o Espírito Santo se aproximará de nós (Tg 4.8,9), tratará nosso coração (Tt 3.9-6), nos introduzirá no corpo de Jesus (1Co 12.13), manifestará Sua glória através de nós (2Co 3.18) e, então, aqueles que permanecerem junto a nós serão separados para uso exclusivo de Deus (1Co 7.14), vindo a ser pessoas completamente novas (2Co 5.17) e em paz total com Deus (2Co 5.18-20), consigo mesmas (ver Hb 4.12), com a natureza (Ef 1.10; Cl 1.20) e com o ser humano (veja Tg 4.1 onde a pessoa,  atormentada pelas exigências da sua alma corrompida, é induzida a obrigar a todos que lhe rodeia a fazer o que ela ordena – 1Pe 2.11; Gn 4.7).

 

Leonardo.