28qui-cartum-batsow.jpgCIGARROS

“A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria.”

Alguns versos da letra da música: LÍNGUA de Caetano Velozo.

“…da família à cidade , passando pela gens e pela fratria, do Lar doméstico ao Lar comum, e esta visão da cidade como uma igreja;…”

Umas palavras do comentário que François Hartog fez do livro A CIDADE ANTIGA de Fustel de Coulages

Quem conhece as duas obras, pode dizer que é muita audácia, insulto, ou verdadeira ignorância comparar as duas obras.

A “língua” não é um objeto estático, parado no tempo; mas é uma variante, que a medida que o tempo passa…

Melhor ou pior, à medida em que a mensagem vai sendo transmitida, a língua vai sendo transformada.

A brincadeira irônica do Caetano Velozo com a letra da música define bem a trajetória do uso da língua no Brasil.

Uma língua que define bem a pátria chamada Brasil, um país de dimensão continental, ou quase; uma língua pátria.

Mas não é a mesma língua para todos, pois o que vale para uns, não vale para outros.

Alguém já ouviu a mal falada frase: “Você sabe com quem você está falando?

Isso não é uma pátria, o Brasil não é uma Pátria; é uma mátria que dá sambódromo, futebol, subemprego; uma mãe nada gentil.

Segundo algumas palavras do comentário de François Hartog, os povos passaram pela gens e pela fratria.

Passaram do lar doméstico, ao lar comum, constituindo a família, formando a cidade, cheia de usos, tradições e costumes processados em igreja. 

É aqui que se misturam os dois textos, pois com o passar dos séculos a igreja vira uma torre, várias torres, imensas “babéis”, cada uma com a sua “Língua.”