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Entrevista com Leda Nagle, apresentadora do Sem Censura, da TV Brasil

Leda Nagle carrega na bagagem mais de 30 anos de jornalismo, 14 dedicados ao Sem Censura.

É, sem dúvida, uma das entrevistadoras mais cobiçadas da televisão brasileira.

A partir de março de 2010, ela receberá seus convidados em um novo cenário que está sendo especialmente preparado para o Sem Censura.

Dali, a jornalista comandará suas entrevistas, sempre descontraídas e informais, com celebridades e especialistas dos mais variados assuntos.

Esse clima de bate-papo, que sempre foi a marca de Leda Nagle, continua a atrair a atenção dos telespectadores ano após ano, e mantém o programa.

E, segundo pesquisa do Datafolha, o Sem Censura abarca, hoje, 26% da preferência do público da TV Brasil.

Em entrevista à reportagem da emissora, Leda Nagle fala sobre o dia a dia do Sem Censura, do retorno que recebe do público e de seus planos para um novo livro, desta vez sobre os mineiros.

Além disso, revela o que realmente aconteceu no episódio da tanga, quando seu primo, Fernando Gabeira, foi flagrado na praia vestindo um pequeno biquíni de crochê.

Ela também destaca sua relação com as novas ferramentas de comunicação, como o Twitter e o Facebook.

Quando perguntada sobre sua forma de organização, ela diz que gosta do caos.

Adora fazer coisas simultaneamente, de entrevistar seis convidados ao mesmo tempo, - curiosamente - assim como faz em seu programa.

É a organização no caos.

TV BRASIL: Como é fazer o programa, ao vivo, diariamente?

Leda Nagle: Todo dia é dia de fazer programa.

Olha, eu sou jornalista, então eu já leio jornal vendo pauta.

Por deformação ou por formação profissional, isso eu nunca sei.

Agora, eu tenho uma vida normal: eu tenho casa, uma porção de coisas que acontecem, tenho minha própria vida.

Eu vejo uma notinha numa coluna social: o vice-presidente está tomando uma pílula de curry e os médicos dele acham que isso está fazendo o câncer diminuir.

Aí, eu estou correndo atrás de alguém que explique como o curry faz o câncer retroceder.

Isso é pauta.

TV BRASIL: O Sem Censura aborda o tema Saúde frequentemente.

Por quê? De quem é essa demanda?

Leda Nagle: É um assunto que sempre esteve no programa e faz muito sucesso.

É um tema que as pessoas pedem para falar;

Por várias vezes já tivemos solicitação de telespectadores, que sugerem essas pautas.

Eles gostam disso: saúde, serviços e artistas.

TV BRASIL: Qual o critério para a escolha dos entrevistados?

Leda Nagle: Nós escolhemos os assuntos e procuramos as melhores pessoas para falar sobre ele.

Se vamos falar de anemia, nós procuramos um médico fera;

Se formos falar de reumatismo, um cara renomado em reumatismo.

Nós atendemos a demanda do telespectador sobre o assunto, mas é claro que o entrevistado fica por nossa conta.

TV BRASIL: Como é o retorno do público?

Leda Nagle: E-mail, telefonema... no meio da rua.

Uma vez, no aeroporto em Porto Alegre, eu saí com uma pauta de literatura de cordel, uma pauta de “mandioca como a solução do Brasil”.

Isso só por que eu fui pegar um avião.

Outro dia, no Leblon, quando eu saí de uma loja para ir ao salão, eu já tinha seis pautas.

TV BRASIL: A formação dos jornalistas está melhor hoje em dia?

Leda Nagle: A formação dos jornalistas está melhor hoje do que na minha época.

As possibilidades de prática eram muito pequenas.

Eu acho que o jornalista se forma na faculdade e se forma na vida real, na prática.

É no dia-a-dia, na ralação. Todos nós. Eu aprendo todo o dia.

TV BRASIL: As “maiores possibilidades de prática” tem a ver com a internet ou com as novas mídias?

Leda Nagle: Um pouco. Tudo isso vai levar a mais informação.

Quanto mais coisas você lê, mas você vai se informa.

Isso, tecnologia; não elimina o resto.

Tem que ler Graciliano Ramos se você quer ser jornalista.

Ele tem um texto objetivo, curto, saboroso, de uma descrição precisa.

Ele vai ajudar, você não vai saber por quê, mas vai ajudar.

Eu leio blogs, Twitter, Facebook.

Só não tenho Orkut porque eu acho chato, porque todo mundo se mete.

Mas, nas páginas do Sem Censura, no Orkut, tem telespectador que me manda mensagem todo o dia.

Não precisa nem estar na rua para saber o que as pessoas estão achando.

Eu quero ler tudo, eu quero ler jornal.

Quero acabar de ler O Globo e aí entrar na internet para ler novamente.

Às vezes eu entro na internet antes de ler o papel, sabe.

Eu leio para saber o que aconteceu na noite anterior, de madrugada, que ainda não saiu no jornal impresso.

TV BRASIL: Você se preocupa com a privacidade na internet?

Leda Nagle: No Twitter eu não sei.

Eu só coloco quem eu quero colocar.

Mas no Facebook eu estou sendo mais rígida do que no Orkut, que eu adicionava todo mundo.

Agora eu só adiciono quem eu conheço.

TV BRASIL: Você tem algum hobbie?

Leda Nagle: Conversar. Gosto de jantar fora com meus amigos, por que a gente conversa.

Eu gosto de tudo: gosto de ir ao Hortifruti.

Também gosto de viajar, mas adoro voltar para casa, que é muito bom.

Eu estou fazendo um livro também, então estes momentos de folga estão ficando muito raros.

É complicado.

Este fim de semana estou indo para Porto Alegre para lançar o outro livro “Com Certeza”.

Aí, não fiz nada do livro dos mineiros.

Algumas noites, eu vou ter que trabalhar nele.

Não sobra muito tempo.

TV BRASIL: O “Com Certeza” demorou para sair?

Leda Nagle: É ele demorou por que eu não sabia por onde começar.

O universo era grande demais e tinha que escolher trinta entrevistas.

Depois disso, foi rápido.

Outra coisa que demorou foi a lista de 80 frases que contemplava grande parte das pessoas que não estavam nestas trinta.

Não deu para pegar tudo, não cabe em um livro.

Ia ficar enorme, insuportável.

E eu não queria isso, eu queria um livro que pudesse ser levado de um lugar para o outro.

Acho que livro de entrevista é legal porque você pode começar a ler com quem você gosta mais.

Você não é obrigado a ler numa ordem.

Um dia você levanta de manhã com horror a poesia; lê o João Ubaldo.

No dia seguinte você está louco pela poesia e lê Drummond.

Não tem um critério, uma ordem, uma obrigação.

Mas ele é organizado.

É essa organização no caos que eu gosto.

TV BRASIL: E o livro dos mineiros?

Leda Nagle: Ele vai reunir mineiros que saíram de Minas e levaram Minas com eles, no jeito, nos gestos e no coração.

Sabe, Milton Nascimento, Gabriel Vilela, Ana Paula do Vôlei. Fred, do Fluminense. O Andrade, do Flamengo.

TV BRASIL: As entrevistas que estarão nesse livro são inéditas?

Leda Nagle: São.

Já tinha feito algumas personalidades que já morreram como Fernando Sabino, Clara Nunes, Carlos Drummond, que vai aparecer de novo.

Mas as outras serão inéditas.

TV BRASIL: O formato será o mesmo do livro “Com Certeza”?

Leda Nagle: O formato, sim: pergunta e resposta.

Mas o conteúdo vai ser diferente, por que ele parte de um ponto diferente.

Você ainda é mineiro e o que você trouxe de Minas com você, hoje, trinta anos depois de ter saído de seu lugar de origem.

Então, é legal neste sentido, porque está mexendo com a minha história pessoal e está remexendo com as histórias das pessoas.

TV BRASIL: Você ainda mantém uma ligação forte com Minas?

Leda Nagle: Eu saí de Minas há mais de trinta anos.

Eu voltava muito enquanto minha mãe ainda era viva, no ano passado.

Depois, eu achei que não ia voltar nunca mais, mas acabei tendo que voltar muito lá por causa do livro dos mineiros.

Vou voltar agora em dezembro para a abertura das comemorações de 50 anos da faculdade onde eu me formei.

A gente sempre volta de alguma forma.

O Milton me disse que a primeira coisa que ele entendeu de falsete foi quando um amigo dele, criança ainda, todos garotos, lá em minas, gritou:

_”O som voltou.”

Ele escutou a voz voltando e ele falou:

_”O que que é isso?”

E ele disse que aprendeu a cantar imitando o eco da voz do amigo.

Ele acha que as montanhas de Minas foram as primeiros parceiras dele.

Isso só tem em Minas.

Aqui, se você grita na orla, o máximo que pode acontecer é alguém achar que você está maluca.

TV BRASIL: O que você tem de Minas em você?

Leda Nagle: Eu desconfio sempre.

Sou desconfiada.

Eu sou muito extrovertida nas coisas que tenho que ser.

Faço televisão, vídeo, mas eu me preservo.

Eu não fico falando de mim, das coisas que eu acho, das minhas coisas.

Acho que são as minhas marcas.

Não adianta, você sempre tem alguma coisa.

Eu saí de lá há 34 anos e continuo falando sombrinha ao invés de guarda-chuva.

Eu sei que o carioca não fala isso.

O carioca fala aipim, eu falo mandioca.

Eu estou revirando esse universo mineiro, então está engraçado.

Fico vendo a pessoa falar que “não, eu não tenho nada de mineiro.

De jeito nenhum” - Aí você fala para ele um minuto depois: você sabe onde é aquela loja tal?

E ele responde: “claro, você vai pelo passeio, quando chegar na esquina você dobra à direita.”.

Passeio, no Rio, não existe. O mineiro quer dizer calçada.

Quer dizer, ele está aqui há quarenta anos, fala, escreve. Mas o passeio traiu ele.

TV BRASIL: Você poderia nos contar sobre o episódio do Gabeira?

Leda Nagle: Não é minha aquela tanga.

Vou explicar: eu vou botar isso na abertura do livro dos mineiros.

Quando eu cheguei na Suécia, para visitar o Gabeira, tava na moda, no final dos anos 60 começo dos 70, o crochê; o crochê, o tricô.

Eu era mais magra e tinha vários biquínis que eu não tinha usado.

E o Gabeira pediu para eu levar por que tinha sauna no prédio onde ele morava lá.

“Traz uma tanga para mim”, porque estava na moda.

Eu tinha um biquíni que eu nunca tinha usado.

Era uma tanga amarela e azul.

E a gente usou essa tanga na sauna do prédio.

Ela inclusive entrou na foto da capa da primeira edição do “O Que é Isso Companheiro?”

A contracapa era uma mala.

Quando ele chegou, ele foi a uma loja em Ipanema e comprou para ele uma tanga rosa, que saiu na Veja.

Não tem nada a ver com meu biquíni.

E finalmente, alguém escutou essa história e no dia seguinte eu leio que a tanga era minha.

É uma maluquice.

TV BRASIL: Uma pessoa que você não entrevistou, mas gostaria de entrevistar aqui no Sem Censura.

Leda Nagle: Roberto Carlos.

É uma cretinice ele não vir, porque ele me prometeu que viria, e a Globo fica fazendo jogo duro.

Ele também.

No fundo, ele não quer vir.

E a gente não vai na casa das pessoas.

Outra pessoa é o Lulu Santos.

Mas tem muita gente que eu queria entrevistar, mas não dá.

Tem muita dupla nova...

Vitor e Léo, nunca vieram.

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